segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vida, infância e Literatura...

"Manhã de domingo, o verde em volta, ar puro bate em minha
face, pássaros gorjeiam e eu ali, imóvel, olho o céu. Minha
prima/amiga me acompanha neste ato de admiração da verdadeira
beleza... Brincávamos de descobrir desenhos em nuvens e viajávamos
por todos os lugares"¹




Muita chuva por aqui, já são tão escassas as possibilidades de distração nessa cidadezinha do interior sergipano, imagine em dias de tempestades (rs), por isso vou dar corda mesmo a essa minha vontade de escrever (seja lá sobre o que for)... Esse blog está me salvando do caos, do tédio e até mesmo da solidão. Estou certa que sou minha leitora mais assídua (rs), mas se você também gosta de divagar, vamos lá, então?!

Desde criança sempre gostei de ler e escrever, mas nada na proporção que me transformasse, por exemplo, numa Clarice Lispector ou numa Cecília Meireles. Foi na escola que descobri o fantástico mundo das letras, mas certamente foi meu jeito curioso, sonhador, e principalmente um pouco alheio ao meu próprio mundo que me fez amar os livros. Quando pequenina (e não me venham com piadas, pois cresci bastante... rs) fugi de muitos lugares inventando minhas histórias, conversei com animais como se tivessem compreensão do que eu falava, construir grandes fazendas de pedras... Ainda lembro-me de algumas daquelas histórias que via no livro de português de minha irmã mais velha, algumas ainda inesquecíveis, por exemplo, o sapo que queria um retrato, a menina da bolsa amarela, Marcelo, marmelo e martelo, entre outros... São, pois, duas grandes paixões: a arte de criar e a de ouvir.

Esse gosto infantil justifica minha escolha pelo curso de Letras, sempre foi um sonho, amei desde a infância a literatura. Muitos pensam que foi falta de opção (quanta besteira!!!), porém foi mesmo só a vontade de conhecer como se fabricam os sonhos. Já tive tantas oportunidades de seguir outros caminhos, mas me faltou coragem de abandonar um projeto. Confesso que às vezes fiquei inclinada a tomar novos rumos, sou tão inconstante às vezes, mas agora falta pouco, a receita do bolo está quase pronta... Um dia talvez ponha em prática, por ora estou testando a qualidade dos meus ingredientes: as palavras...

Especialistas dizem que filhos que são incentivados pelos pais são mais propensos ao gosto pela leitura, certamente eles têm razão, mas não adianta incentivos paternos, se os próprios progenitores não acham graça no ato da leitura. Por obrigação ninguém vai gostar de nada, mas pela mágica de descobrir um mundo novo podemos sim formar novos Machado de Assis, Jorge Amado, Juraci Costa de Santana (conterrâneo) ou simplesmente uma leitora comum como essa que vos escreve... Ninguém gosta de ler a lição de casa, mas todos adoram ouvir a história da garotinha que vai levar doces para vovozinha, principalmente se a voz do contador variar de acordo com a emoção do momento... Pai e mãe têm que ser atores no palco da vida, as Sherazade’s, cansadas do dia inteiro de trabalho, devem está com um sorriso aberto e bastante disposição para contar ou ouvir as historinhas dos seus pequenos.

Meus pais fizeram isso? Não, não fizeram, mas só estou aqui porque eles incentivaram-me, esforçaram-se para que nossa família tivesse educação e de acordo com suas limitações estiveram realmente presentes em nossas vidas. E eu, como agirei? Seguirei o exemplo deles, mas farei melhor ainda, pois meu universo já é outro. Serei a mocinha, a vilã, o capitão Gancho, a Sininho para os meus filhos, tentarei despertá-los para o mundo dos sonhos. Bem, mais isso vai demorar um pouco (rs), muitos projetos pela frente ainda, muita maturidade e paciência para conquistar.

Acho incrível como as pessoas tratam a idéia de ter filhos com tanta irresponsabilidade, muitos cedem a um impulso momentâneo de ser mãe ou pai, mas não pensam se possuem condições financeiras, psicológicas e principalmente afetivas de serem VERDADEIRAMENTE pais e mães. Outros simplesmente não se previnem e entopem-se mais tarde com remédios abortivos, jogam seus bebês em lixeiras ou cometem outras monstruosidades. Existem aqueles que simplesmente querem seguir o padrão de vida estabelecida pela sociedade: namoram, casam e tem filhos, todavia, não pensam se esse realmente é seu sonho, se há realmente vocação para a maternidade, se aquele é o momento ideal... Sei, sei, dizem que quem pensa muito não age, mas talvez agir tardiamente é ser sensato e provavelmente não agir em alguns casos é ter também bom senso. Muitas tragédias e maus tratos contra as crianças seriam evitados se as pessoas simplesmente pensassem se estão prontos para serem pais.

Nossa!!! Eu já escrevi demais e sobre assuntos tão diversos, mas “no frigir dos ovos” (será essa a expressão? kkkk), resumindo, acho que é isso: a leitura e a escrita é algo mágico, devemos proporcionar esse prazer as crianças para termos velhos mais felizes e adultos menos ranzinzas.



Abraços afetuosos


¹Esse poema (?) foi escrito por mim já faz um tempo. O professor Manoel Messias pediu-nos que descrevessêmos um momento de nossa infância e eu lembrei das estripulias com minha prima. Quando coloquei a foto da postagem, instantaneamente, lembrei dele e resolvi torná-lo público.

domingo, 11 de abril de 2010

Sobre a morte de um alguém que nunca nascera...*



Se ela morrer hoje estou convicta que poucos chorarão... Talvez por egoísmo ou hipocrisia alguns coloquem óculos escuros a fim de demonstrar uma aparente tristeza, mas no íntimo do seu ser estarão apenas remoendo suas próprias frustrações, a falta de perspectivas de vida e a escassez do amor, por isso usarão tal desculpa para deixar suas lágrimas virem à tona...

Todavia, no sossego do seu quarto, na sombra da solidão, uma lágrima cobrirá o rosto de um indivíduo (insano?!), pois, afinal, foi-se embora para sempre seu grande amor. Soluços e gemidos tomarão conta daquele ambiente solitário e agora tenebroso. Outro dirá: _Porque ela não me amou? Se eu tivesse... Sei lá... Porque será que tudo acabou assim sem nem começar? Mas cansado da labuta diária, virará para o lado e dormirá profundamente. Ao amanhecer nem lembrará de tais questionamentos.

E ele? Ahhh!!! ele nem ficou sabendo da morte da outrora sua amada e sua amante... Ela que partira na esperança de um dia tê-lo, que nem sequer no instante da sua morte esquecera-se daquele que a fez sonhar, que no último piscar de olhos ainda vira sua imagem e sorrira como se fosse (finalmente!) ao seu encontro... Ele nem sequer soube da sua partida! Nem sequer sentiu sua falta!

Morrerá finalmente, mesmo já estando morta para tantos.

Um mês depois: ninguém se lembrará dela. Talvez aqueles que queiram citar alguém infeliz, que foi embora tão jovem, usarão seu nome como referência, mas ninguém a conhecera realmente... Nem ela mesma, era tão intrigante que até para si mesma tornou-se um mistério. Sempre envolta em grandes sonhos, mas com pouca força, pouca disposição, parece que nascera para projetar, para abstrair-se, será que ele pertencia mesmo a esse plano astral?

No céu brilhará mais uma estrela, porém, aquela será especial, parecerá satisfeita com a arte de iluminar o mundo, os poetas virão o astro brilhando até mesmo durante o dia... A vida seguirá para todos... Será que um dia alguém fará companhia aquela bela estrela? No entanto, ela não parecerá preocupada com essa questão, tão radiante estará, mostrar-se-á satisfeita finalmente com a solidão do cosmos.

E assim nascerá uma nova mulher.





*Desculpe-me os traços de romantismo chulo, embora não ouse me aventurar no mundo da poesia, o universo da prosa me encanta perdidamente. A interpretação, obviamente, fica por sua conta.

Abraços