Ontem à noite quando voltava de Aracaju, doente (a bendita conjuntivite) e muito cansada, sentou-se uma senhora do meu lado no ônibus. Eu não estava muito bem, mas esta pessoa começou a conversar e esforcei-me para ser simpática (rs).
Tratava-se de uma senhora simples, possivelmente religiosa e de "bom coração". Uma entre todas essas suposições foi confirmada quando ela disse-me que estava voltando de um dia de orações na Igreja Batista e que estava indo conhecer sua nova casa em Cristinápolis. Fiquei curiosa a respeito e ela confessou-me que iria casar com aquele senhor que havia entrado no ônibus ao seu lado. Foi então que entendi porque a todo instante lançava olhares para o fundo do ônibus: estava desejosa para sentar do lado de seu amado. Perguntei há quanto tempo estavam juntos e ela respondeu que havia dois meses, e eu, assustada (como a boa jovem sensata que tento ser), questionei se não era muito cedo para casar. Então ouvi uma grande verdade: "_ Meu bem, nessa idade temos que viver tudo intensamente e sem pensar muito, pois não sabemos o dia da amanhã". Calei e comecei a refletir. Certo tempo depois algumas pessoas desceram do ônibus e ela finalmente conseguiu sentar-se ao lado do seu amor.
De tal reflexão sugiram questionamentos existenciais com respostas óbvias, porém que nem sempre colocamos em prática durante a vida. Será que é realmente preciso chegar à velhice para que tenhamos a compreensão de que a vida não é eterna? Procrastinar será mesmo o certo? E se não houver amanhã? Sofro muito desse mal: pensar demais, adiar decisões...
Às vezes “a gente tem medo de se entregar, de se envolver e acha que é cedo, que ainda temos tanto para viver, e faz tantos planos, e acha mesmo que é possível ao longo dos anos tentar prever o imprevisível”, como diz o RPM na canção Olhos Verdes, todavia, esquece o que pregou a Legião Urbana em Pais e filhos que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar na verdade não há...” e eu complementaria dizendo que isso deve ser feito em qualquer fase da vida.
Abraços cordiais a todos